Entenda como Piracicaba usa ‘parente’ de água-viva para monitorar qualidade da água

Ivan Canale mostra recipientes em que são guardadas as Hydras saudáveis e prontas para serem utilizadas nos ensaios Prefeitura de Piracicaba/Divulgação É g...

Ivan Canale mostra recipientes em que são guardadas as Hydras saudáveis e prontas para serem utilizadas nos ensaios Prefeitura de Piracicaba/Divulgação É graças a um pequeno animal do mesmo grupo das águas-vivas, a Hydra attenuata, que o Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae) realiza o monitoramento da qualidade da água captada dos rios Piracicaba e Corumbataí, usada para abastecer o município. O projeto, desenvolvido há mais de 25 anos pela autarquia, é um dos finalistas no 9º prêmio Ação Pela Água, promovido pelo Consórcio das Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e com cerimônia marcada para 28 de novembro, em Nova Odessa (SP) - saiba mais abaixo. 📲 Siga o g1 Piracicaba no Instagram Segurança na água Ivan Canale, biólogo da Unidade de Controle de Qualidade do Semae e responsável pelo projeto, explica que as análises com a Hydra attenuata servem como um mecanismo a mais de segurança. Funciona assim: a amostra de água bruta (antes do tratamento) é coletada dos mananciais que abastecem a cidade e levadas para o laboratório da Estação de Tratamento de Água (ETA) Capim Fino. Por lá, são colocadas em contato com a Hydra attenuata por até cinco dias. O animal é sensível a substâncias tóxicas, como metais pesados, pesticidas ou resíduos industriais e domésticos. Com o contato com a água do rio, ela pode sofrer deformações corporais (ou até mesmo morrer) que indicam a presença de poluição na água. Ilustração mostra a Hydra em sua vida normal e, após exposta a poluentes, sua degradação (morte) Prefeitura de Piracicaba/Divulgação Ao serem detectados efeitos tóxicos ou químicos, é feito um comunicado aos responsáveis pelo tratamento de água para que sejam feitos ajustes operacionais no tratamento, como alteração na proporção e diluição da água dos rios Piracicaba e Corumbataí e ajustes nas dosagens de produtos químicos do tratamento a fim de garantir a produção de água segura para consumo, conforme os padrões de potabilidade, explica Ivan. “É uma questão de segurança no fornecimento de água. A Hydra nos dá uma segurança maior de oferecer uma água segura, onde a economia é no sentido de não termos problemas de saúde com a população”, conta o Ivan Canale. Ivan informou que as análises são semanais em períodos de estiagem, em períodos de estiagem, quando há menos água disponível e maior concentração de poluentes, como esgoto. Já em períodos chuvosos, as análises são mensais. Estação de Tratamento de Água Capim Fino, em Piracicaba Divulgação/ Semae O que é a Hydra attenuata A Hydra attenuata é um pequeno animal de água doce, que pode ser visível a olho nu apesar do pequeno tamanho. Ela pertence à classe dos cnidários, mesmo grupo das águas-vivas. A espécie utilizada no Semae é da América do Norte. Ela veio do Canadá por meio de uma parceria com o instituto canadense International Development Research Center, via Projeto Aquatox e do Cena/USP. Semae faz cultivo de Hydra attenuata para monitorar a qualidade das águas dos rios Piracicaba e Corumbataí Prefeitura de Piracicaba/Divulgação Elas são criadas pelo Semae e alimentadas duas vezes por semana com um microcrustáceo utilizado por aquaristas, que também é cultivado e eclodido no laboratório do Semae. O biólogo afirmou que a técnica pode ser compartilhada com outros municípios e instituições, caso haja interesse. “Quanto mais a gente tiver laboratórios usando esse organismo, se acontecer um acidente aqui ou alguma coisa do tipo, sei que outros lugares têm, porque esse organismo não é nativo do Brasil”, afirma. Prêmio O Prêmio Ação Pela Água tem como objetivo reconhecer as ações e projetos em prol da água. Ele é promovido pelo Consórcio PCJ, parceria entre municípios e empresas a favor da manutenção dos recursos hídricos das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí. A premiação já reconheceu diversas empresas, municípios e instituições de ensino e pesquisa da região que transformaram a gestão de recursos hídricos, afirmou o Consórcio PCJ. Bacias do Consórcio PCJ, que abrange os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí Reprodução/Consórcio PCJ VÍDEOS: tudo sobre Piracicaba e Região Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba